Aventuras e desventuras de moças em permanente movimento migratório.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Estou a escalar as cataratas do Iguaçu com a boca aberta!

Fosga-se está mais difícil passar esta fase, do que escalar as cataratas do Iguaçu com a boca aberta!

Não existe aquela coisa de ter inveja boa, man é inveja. De estar em Portugal agora, na praia, com as amigas a beber copos a comer pão. Não há saco para tamanha tristeza que me acompanha nestes meses de calor! Odeio a Alemanha no verão, amo a Alemanha no inverno. Sim estou com uma crise dicotómica do caraças que nem sequer me está a deixar raciocinar. Preciso de estudar, mas as fotos no Guincho estão a deixar-me louca. Quero sair daqui mas não posso, tenho coisas para fazer!
 Agggggrr ser emigrante é esta merda, gostamos de estar aqui, mas depois olhamos a foto do mar e apetece-nos estar lá. Vejo as pategas no Algarve espojadas tipo marrãs brancas que por esta altura já são negras. Vejo o grupo de amigos a comer petiscos depois de um dia de praia. Vejo a piscina azulinha e as pernas da sonsa da minha Amiga.

Acho que tenho saudades de tudo. Vamos fazer um reset e começar de novo?

Olá eu sou a Patrícia, e vim para a Alemanha porque me disseram que esta merda era fresquinha enganaram-me está um calor do caraças um bafo de Midade que parece que sou vizinha da Teresa em Macau. O meu cabelo está descontrolado bem como o meu humor. Faço um sorriso à puta que me rouba o lugar no bus, mas na minha cabeça a vaca já está desmanchada e cortada em fatias para consumo local. Faço sorriso à criancinha que berra no bus, mas na minha cabeça a bolotinha está atada a uma cadeira. Mais uma vez, no verão, estou com ranso disto.

Haverá alguma receita para uma miúda que só precisa de um sol na cara e um sal no corpo?

Outra coisa, enervam-me aquelas pessoas que passam o ano inteiro a comer salsichas com papo secos e agora estão no Algarve, enervam-me aquelas pessoas que me enviam fotos da salada de polvo que acabaram de mamar, é fuck off para toda a gente que me provoca vontade de pegar no avião e espetá-lo contra o aeroporto de Lisboa, sair da escada e ter um motorista com a porta do carro aberta para eu entrar e conduzir-me até ao pateo dos petisco e comer uns ovos com farinheira e beber de pênalti uma sangria azeda cheia de vinho tinto.

Mas também entre passar dias quentes na Quarteira, ir à Piscina da Zebreira ou ficar a derreter na Midade alema? Prefiro ficar aqui em Mainz!

 Estou com vontade de esganar os meus amigos portugueses com abraços apertados e comer a bolinha de Berlim, que a Isabel que me envia todo o santo dia desde que pisou o solo de Vilamoura.

É difícil, mas vale a pena sofrer, tenho emagrecido com isto!

 
 
 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Nunca há novidades...

Eu sou daquelas emigrantes a quem passa ao lado quase tudo o que se passa em Portugal. Eu até sou uma pessoa bem informada, que gosta de saber o que se passa no mundo, eu vejo notícias e leio jornais sérios. Por isso, quando digo que quase tudo me passa ao lado, falo daquelas cusquices que não têm importância absolutamente nenhuma mas que a malta gosta de saber.
Volta e meia apercebo-me que a Maria não sei quê, agora namora com o João não sei quantos, que só por acaso é o ex da sua melhor amiga a Rita what’s her face. Ou que o António e a Joana vão casar. Ou que o Nuno e a Sofia , que se casaram o ano passado (que eu nem sequer sabia) se vão separar. Ou que a Mónica está grávida, again.
Ou então vejo a malta a mandar bocas no facebook sobre a nova discoteca da moda, ou o novo restaurante, ou padaria, ou gin bar ou sushi bar ou seja lá o que for. Ou vejo umas bocas sobre a casa dos segredos 53, ou os ídolos ou a nova telenovela, que tem aquela actriz muito boa que se tornou famosa no verão passado. Ou frases que não fazem sentido a dizer beijinho no ombro, ou a falar de caracóis, ou ostenta não sei o quê.
O pior disto tudo é que cada vez que eu pergunto se há novidades, dizem-me invariavelmente que não há nada de novo...Aldrabões... e depois ainda dizem com o maior desplante deste mundo “Ah, achei que já sabias”. Mas sabia como minha gente? Se ninguém me conta nada. Por vezes também me dizem “Já não estou com a malta há tanto tempo, que não sei novidades nenhumas”. Ya, ya vou fingir que acredito.
Acho isto uma falta de respeito com os emigras. Faxavor de me começarem a contar as cusquices todinnhhhasss


Bolas de Berlim

Já sei, já sei! Eu sou a Jetlagger mais previsível porque sou aquela que fala das cenas que todos vocês conhecem… Sim, das que se passam cá na santa terrinha. Mas há coisas que nos fazem sentir uma extraterrestre na nossa própria casa. Experimentem, por exemplo, ir passear à Marina de Vilamoura uma destas noites de verão. E sentem-se numa esplanada, fingindo que são mirones. Ou voyeurs, termo que confere uma certa superioridade à coisa. E deliciem-se. Aposto que as alemãs de meias e sandálias da Bita Sobreiro se envergonhariam do seu extremo bom gosto. É vê-las passear com as fitas, que se punham nas portas dos quintais no interior do Alentejo, penduradas no corpo. Cheias de estilo nas suas micro saias que deixam perceber as cuecas das tias que deixaram à pressa no lar antes de saírem para as suas férias chiques na Quarteira, onde vão refastelar-se quinze dias num all included com direito a pulseira e encher o bandulho de seis em seis minutos. Fazendo equilibrismo nuns saltos de 13 cm que se prendem aos pés com fitas cheias de strass e de onde pendem umas fitinhas brilhantes. Para fazer “pandã” com as fitas do vestido. E de mão dada com uns seres amorosos, pequenos, com umas rosetas encarnadíssimas e o resto do corpo translúcido por usarem na praia uns fatos completos com chapéu de abas, não vá o sol beliscar-lhes a pele. Confesso que me atemoriza o que esses gaiatos possam pensar quando olham para os nossos filhos na praia: bronzeados até mais não, com os cabelos cheios de sal e a cara cheia de açúcar e creme das bolas de Berlim.
Mas há mais: há aquelas famílias todas, inteiras, grandes, cheias de gente. A mãe, o pai, a avó e o avô, as primas, os tios e os cunhados, cheios de baby-sitters das Honduras, roliças e de chanatas, sem perceberem boi do que aquelas senhoras gritam e blasfemam a toda a hora.
Eles são fabulosos: calções aos quadrados e às riscas, camisas abertas até ao meio do peito, rosetas a condizer com os filhos e as mulheres e umas chanatas roubadas à descarada à tal hondurenha. O que é legítimo: pagou, pode usar.
Este é um género. O de sábado passado. Para a semana há mais. Ou não. Pode ser que vá espreitar a marina de Albufeira. E aí a coisa pia mais fino. Ou não.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Gaijas bouas, tão bouas. Gaijas beim boas.

É tempo de Verão. Sei isso porque vejo fotografias na Internet, de praia e mar e tuditudo. Em Portugal está aquele tempo altamente sensualão de dias de sol e entardeceres dignos de piropos e assobios. O tempo de Verão em Portugal é um naco. Aqui em Macau é tempo de calor quando não está fresco, sol quando não chove a potes, céu limpo quando não está encoberto e humidade... sempre. Nada de novo, portanto.

Em tempo de Verão, há um interesse mais ou menos generalizado de se estar em boas condições físicas e de vestir um ou outro trapito mais reduzido. Ouve-se falar no bikini body, ou no beach body, que no fim de contas não acaba no bikini nem na praia e se pode levar para todo o lado. Ora eu não sei o que é uma praia há uns anos, e as piscines aqui do burgo, mesmo aquelas que na categoria de piscinas estão muito lá nos píncaros ao nível mundial, não valem como equivalente. De forma que é-me indiferente ter um beach body. Mas dá-me jeito ter um body que não abane muito, que fique bem com certos e determinados trapinhos (e sem) e enfim, se for saudável é capaz de nem ser má ideia, que a gente nunca sabe o dia de amanhã.

Ora então meti-me ao caminho hoje - e oficializo já aqui a coisa - num plano de 12 semanas para no fundo ganhar alguma resistência em matéria de caparro. O plano consiste numa data de exercícios de 4 circuitos de 7 minutos, 3 a 4 vezes por semana. Meia horita por dia - pareceu-me aceitável.

Step 1: ler a informação toda, tirar apontamentos - como boa aluna que sou - reter a coisa antes de pôr mãos à obra.

Step 2: 5 minutos de warm up. Ir lá pra fora correr 5 minutos tá fora de questão - especialmente de calçõezinhos e soutien de desporto. Subir e descer as escadas do prédio também não tou bem a ver. Já tou a odiar esta merda, ainda nem começou. Solução: saquei uma app. (Há sempre uma app para tudo.)

Step 3: Ok, warm up feito. A semana deveria começar à segunda, mas como hoje é quarta e não me apetece estar à espera da próxima segunda-feira, vou já para os exercícios de quarta e para a semana repito a semana 1 outra vez. Toda eu sou boas intenções. Ora hoje é dia de... ARMS+ABS! Pois é, amiguinhos. Eu sou adepta da caminhada diária - aliás gosto muito de andar e ando bastante a pé quase todos os dias. Mas se me pedirem para trepar uma árvore ou um muro ou fazer o pino, o mais certo é ou não levantar o rabo mais que 3 centimetros ou partir o pescoço. De maneiras que fazer push-ups (flexões - e atenção aqui ao já domínio do lingo da cena) ou sit-ups (abdominais) não é comigo. Tudo o que seja força da cintura para cima, não é comigo. Mesmo. Pior: fazem-me contar as repetições. Ali até às 10 nem é problema, mas depois das 30 na minha cabeça já é: trinta, trinta e um, trinta e dois, trinta e três, trinta e quatro, trinta e quinze, trinta e desasseis... lá faço uma espécie de cálculo mental de qual será o número em que vou e acabo.
Entretanto, o meu estômago, que não é grande team player, decide mandar uma azia pra cima deste quadro de miséria. Se calhar aquela limonada e aquele croissant (what was I thinking?) há 3 horas não foram grande ideia.

Step 4: alongamentos. Aqui sou pro, a parte de relaxar é comigo.

Conclusão: levei uma hora para completar o tal treino de meia-hora. E lá no meio apeteceu-me chorar um bocadinho.

Segunda-feira faço medições e lá terei de tirar uma fotografia - a do "antes". Estive a pensar nesta história da fotografia do antes e tenho aqui duas hipóteses:
a) tiro-a, olho para ela guardo-a na minha memória, de seguida ou a enterro algures ou a atiro para dentro de um vulcão
b) vou pela via mais artística e em vez de uma fotografia faço antes um sketch do que vejo - porque é que ninguém pensou nisto antes?

Enfim, isto tem tudo para correr bem. E daqui a 12 semanas falamos.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

É coisa para m'enervar

Casa-de-banho pública com trinco avariado. Ora aqui está uma coisa para me deixar para lá de possessa. 
WC públicos, pelo menos para mim, já são bicho de sete cabeças. Os meus standards de higienização desses espaços põem as exigências da ASAE num saquinho. É ver-me qual Horatio do CSI Miami de cotonete em riste e visão ultravioleta: a mim não m’enganam, seus badalhocos! 
Mas é quando entro na zona reservada e me deparo com o trinco avariado, ou pior inexistente, que me começam a subir os calores. A ginástica que se faz para se evitar que uma estranha irrompa pelo WC adentro e nos apanhe em flagrante de cócoras e em pleno equilíbrio postural, com as cuecas pelos joelhos e de mala na mão – porque OBVIAMENTE não há um cabrão de um cabide para pendurar a mala – tudo isto ultrapassa o “isto agora correu-me mal, pá...fiquei aborrecida”. A implosão emocional do momento deixa-me para lá de profundamente transtornada. 
Mas o pior de tudo é que este cenário é recorrente na vida de uma gaja. Quem de nós nunca gritou ao mesmo tempo que travava num golpe seco a entrada de uma estranha no WC de rabo espetado em plena pontaria para a sanita, que se acuse. AAAAAH! 
Quase tão mau só mesmo quando somos nós a dar o flagrante. Ou pensam que é fácil regressar à mesa do restaurante e manter a postura quando há uns segundos se abriu uma porta que ao invés de representar um alívio fisiológico, foi uma brecha para os quintos dos infernos em formato traseiro alheio. Bem que se tenta apagar a imagem da memória desfazendo-nos em pedidos de desculpa depois do tradicional “ESTÁ OCUPADA” mas a imagem do traseiro alheio, essa ficará para sempre. Pelo menos até sairmos do restaurante. 
Talvez seja esta a razão para as mulheres irem à casa-de-banho em duo. É que, em boa verdade, quando a merda do trinco da porta não funciona, não há nada como um anjo da guarda a velar por nós, pela dignidade do nosso traseiro e da nossa memória visual. 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Man até já tenho saudades disto!!!

Sinto-me como o vulcão Vesúvio, adormecida, mas quando rebentar, aí vai dar merda! 

Estou em contagem decrescente para as minhas férias de Verão, apesar de serem ainda pouco claras, onde e quando, estou a contar pelos dedinhos o meu regresso a Portugal. 

É a vantagem ser uma nova emigrante, não temos planos, não temos certezas, mas vamos tendo dinheiro para comprar os voos! Ah e não temos dinheiro para fazer uma vivenda com leões de loiça quando formos de vez para Portugal, lá para o ano 2045 (já aquela merda está toda partida!). 

Considero-me com sorte porque, uma das milhentas vantagens de viver na Alemanha é que são só três horas de voo até Portugal. Penso na Vera (Austrália) e na Teresa (Macau) e tenho uma coisa a dizer: ganda merda!!!!

 Em aterrando em Portugal, meto prego a fundo e só paro em Cascais, depois de um banho de mar e sessenta segundos deitada na areia a pensar na vida, estarei pronta para abraçar irmã, pais, avô! São estas alturas de férias grandes que nos doem mais, será inveja da orca que posta uma foto de bikini na praia? Ou da vaca que ficou até as quinhentas no Tamariz? Não, é saudade de casa! Da nossa casa do colo da mãe, do abraço do pai e das parodias com a manabanana! Aquela saudade que me aperta o peito e me faz reverter toda a minha já intensa aculturação.

 A vontade de ir de férias é tão grande que … pooorra … ainda tenho de acabar a pós graduação em Direito de Trabalho Alemão, tenho de fazer dieta para caber nos vestidos para os casamentos de Setembro, tenho de encontrar o outfit praia 2015 e, entre outras coisas que não me lembro agora, espero que estes menos de dois meses passem rápido para amenizar o meu sofrimento e a minha dieta.

 Eu também sei que depois de uma temporada em Portugal, vou estar com vontade de voltar para cá, porque apesar de vocês acharem que eu não gosto disto e digo mal que é totalmente erróneo, eu adoro viver na Alemanha! Não gosto é de meias com sandálias, mas não quer dizer que todos as usam e que é tudo mau, não! Sou uma emigrante feliz na Alemanha, tudo o que escrevo é depósito de raiva/saudade por Portugal ser um país de merda em termos económicos e nos faz sair para termos uma vida mais saudável. Sou uma moça bem resolvida com a vida e gosto do país onde estou. 

Alemanha volto mais logo mas volto com saudades porque aqui também já é a minha casa.


terça-feira, 14 de julho de 2015

Merdas

Assim na generalidade, a vida é uma merda. Se não são os gregos, são os alemães. Se não são os políticos, são os ladrões. Se não é a estupidez de uns é o espírito amorfo de outros. Se não é uma merda é outra. E esta é a realidade das nossas vidas. De todos. Sem excepções. Sem floreados. A diferença – e há sempre qualquer coisa a distinguir realidades – faz-se apenas na forma como se lida com a merda que nos circunda. Porque a Merda, essa, é uma cena transversal. 
Eu estou de férias – e, não é para vos deixar nervosos, mas aiiiiiiiii que bem que estou! – e o facto de estar de férias não invalida que não esteja na merda, até porque, como já deixei claro, na merda estamos todos. Mas eu estou de férias, o que por si só torna a merda e as merdas muito mais relativas.
Assim, como eu, são aos pontapés os portugueses de férias no Algarve. Ou seja, somos aos pontapés todos os que estamos na merda, mas pelo menos estamos de férias. E só isso, o “estar de férias” é mais que suficiente para fazer o espirito flutuar sobre as merdas. 
Acordo de manhã, olho para o espelho e sorrio a pensar: “Estou de férias, que se lixe essa merda, pá!” Ora este é um exercício com benefícios extraordinários e que tem o condão de me fazer sorrir ao longo de todo o dia ou não estivesse eu de férias. 
Ontem fui ao supermercado. A merda do costume. Éramos cerca de 4678 pessoas na charcuteria, todos com a merda das pressas do costume. Já se sabe. Enquanto uma senhora com um semblante de merda pedia 250gr de salpicão, quase que se podia ouvir os pensamentos de merda das outras 4677 pessoas que aguardavam a sua vez: 
“Se esta gaja continua a pedir para a empregada adicionar mais umas fatias de salpicão não sobra merda nenhuma para mim!” 
“Senha número 589994543224. Merda, tenho 45567724242627 pessoas à minha frente!” 
“A avaliar pela barriga do teu marido, já chega dessa merda desse salpicão, não??” 
“Merda. Merda. M e r d a.” 
Enquanto pairam estes pensamentos na atmosfera, há todo um cinzentismo nos semblantes. Caras fechadas. Mal dispostas. Enfim, caras de quem efectivamente está na merda. 
Sublinho, novamente, que por uma razão ou por outra, estamos TODOS na merda mas a verdade senhores é que quem está de férias, está menos na merda que os outros. É um facto! E por contastar esta merda eu gostava de lançar um repto aqui no blog: SE ESTÁS DE FÉRIAS E AINDA ASSIM ESTÁS NA MERDA, ENTÃO VAI TRABALHAR! 
Ó pá de nada nos vale a cara fechada, os pensamentos assassinos nas filas dos supermercados ou nas estradas algarvias plenas de trânsito, assim como também não ganhamos nada em odiar a família que acabou de acampar ao nosso lado na praia ou sequer invejar o six pack abdominal do banhista de serviço. E porquê? PORQUE ESTAMOS DE FÉRIAS, CAR…..! Só assim de rajada somos a inveja de 99,9% da população mundial. Não obstante de estarmos na merda. 
Porque, meus amigos, se há uma verdade universal, essa é a de que estamos todos na merda…ai isso estamos! 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Eu até nem gosto de festivais...

Não gosto de festivais. São geralmente no Verão e tá muito calor. Não gosto de ver gente gira.
Não gosto de me divertir com os meus amigos. E sobretudo não gosto nada de música.
Há por aí umas almas que juram a pés juntos que já estiveram comigo em pelo menos um festival, mito urbano óbvio, até porque eu não me lembro de nada!
Pelas várias razões supra citadas (ai que isto agora parecia um mail profissional), não vou espreitar a internet nos próximos dias. Não quero chamadas a horas imprórias a cantar aquela música que vocês acham que eu sei de cor. Não quero que me mandem fotos, nem mensagens nem mails. Nadica de nada.
Como há amigos meus que partilham o meu “ total desprezo” por festivais e como pode acontecer que sejam , contra a sua própria vontade, arrastados para um qualquer festival que possa estar prestes a arrancar, assim tipo hoje, pediram-me para pelo menos avisá-los de quais os sitios a evitar. Se virem os seguintes nomes, FUJAM a sete pés: flume, young fathers, cavaliers of fun, django django, alt-j, julio bashmore, the prodigy, mumford and sons, blasted mechanism, roisin murphy, future islands, the tings tings, kodaline, james blake, cold specks, magazino, moullinex, skip & die, kamala, disclosure, chet faker, hmb, soldier´s heart, flight facilities, mogwai, dead combo, miss kitten, errol alkan, louisahh, super discount, alex metric e finally but certainly not least nem cheguem perto de chromeo e metronomy.
E não me digam que algumas destas bandas já tocaram e foi muita bom e blá blá blá que me irritam!

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Saudades dos anúncios Gine-Canesten enquanto jantas?

Digamos que não tenho muitas saudades dos anúncios publicitários do Canespro nem do Gine Canesten para candidíase vaginal.

Mas não consigo desprender-me do Jornal da Noite da SIC nem de papar as novelas que vêm a seguir. Podia ser mais feliz se não visse televisão portuguesa? Podia sim, mas gosto de saber o que se passa no nosso país, mesmo que sejam os anúncios da Vodafone alusivos ao verão com músicas que me transportam telepaticamente para uma toalha de praia.

Viver no estrangeiro implica várias mudanças, nomeadamente a perda de histórico no caso roupa, tarecos, sapatos e da minha televisão HD, todos estes items me fazem falta, mas penso sempre que comprando coisas novas esqueço-me daquelas que deixei em Portugal e que a próxima vez as trago. Erro!  

Vivemos num apartamento pequeno, mas no que toca a contas parece a mansão Woodhouse, herdámos uma televisão mono sem comando e sem cabos para ligar ao pc, aliás eu acho que de tão velha que é nem aos cabos da Apple 1. Está em cima da cómoda. Até já pensei num náperon ou numa imagem de Nossa Senhora de Fátima, mas até isso deixei em Portugal.

A variedade da televisão alemã vai desde o programa documentário sobre a II Guerra Mundial (Ironic level 100%) até ao reality show, é pior que a TVI a partir das 21.30. De forma que tivemos de resolver a situação com streams marados que falham a cada vinte segundos e fazem a Clara de Sousa gaguejar ou parar de falar quando a notícia é interessante. É frequente a vizinha ouvir-me dizer WTF is this, go to MF, F OFF, bruderfocker! Aliás das poucas vezes que falámos já sabia que nós éramos portugueses. Nem sei bem porquê ou como?!? Já que eu nunca faço bacalhau e sou do Sporting!

Nós os portugueses temos aquela velha mania de nos queixar da taxa televisiva vir na factura da EDP, Man aqui pagamos todos os meses 17 Euros de televisão que nem sequer ligamos. É um atentado ao bolso mas faz com que esta super mega (Ironic level 100%) economia gire! LOL

Talvez um dia, quando a minha percentagem de aculturação for de 12%, eu ligue a televisão alemã e tenha paciência para ver aqueles documentários, do tipo #comomatarmilhoesdepessoasemmenosdecincoanos.


Até esse dia chegar, vou continuar a ver o jornal da noite, a papar as novelas e a mamar com os anúncios dos fungos nas unhas!


terça-feira, 7 de julho de 2015

Save the date

Um emigrante está sempre a viver de avanço: marca as férias de Verão 6 meses antes, o Natal está planeado ainda Agosto não terminou, comemorações ao género festas de aniversário são planeadas dois meses antes e sempre tudo mediante a situação geográfica em que se encontra na data do evento. Enfim, um emigrante sabe, porque não tem outro remédio, que reuniões familiares e/ou com amigos não rimam com espontaneidade. É um luxo ter amigos e família reunidos só porque sim, na mesma situação espaço-temporal! A vida de emigrante é toda ela planeada com vários meses de avanço e os encontros devem por força encaixar entre as datas de chegada e partida. 
Há uns dias recebi um convite de casamento que deverá acontecer no próximo mês de Agosto. Fiquei surpreendida. Não pelo casamento per se, convenhamos que já ninguém supreende ninguém nestas coisas, mas por um convite assim tão sem pré-aviso. Receber um convite para um casamento marcado para meados de Agosto, quando estamos em pleno Julho complica a vida a qualquer um...ainda mais sendo emigrante.
Eu até podia apresentar 376 mil razões que justificassem a complicação que isto é, mas assim de rajada chegam estas três: 1) porque as férias não são quando um homem quiser, mas quando o trabalho permite 2) porque na Europa em Agosto é época alta, o que significa que os preços dos voos disparam a cada 2 horas e a malta ainda não limpa o rabo às notas de 5, quanto mais às de 500 euros 3) porque esta merda duma gaja se tornar adulta traz brinde, tipo marido, filhos e até animais, enfim cenas que complicam ainda mais a vida duma pessoa do bem. 
Agradeci o convite, lamentei a impossibilidade de não comparecer e pelo caminho ainda desejei felicidades. Enfim, tudo como a minha Mãezinha m’ensinou. Depois fiquei a pensar que esta ausência de noção de timing no convite podia ser também para despachar a alta velocidade aqueles convidados que na verdade só se convida porque “fica mal não convidar”. E achei genial! Afinal de contas não há nada que bata a souplesse de um aristocrático “You can’t sit with us”.

Olh'óóóóó vencedor do 1º ENORME PASSATEMPO #jetlag


Meus amigos, não foi nada fácil. A participação no 1º ENORME Passatempo #jetlag foi uma loucura, apanhou-nos de surpresa. Fomos completamente arrebatadas pelo elevado calibre do vencedor.

Senhoras e Senhores, uma salva de palmas e um grande bem-haja à

ISABEL DIAS

vencedora do prémio do 1º ENORME Passatempo #jetlag com a seguinte frase/quadra,

Cinco gajas deste calibre
na flor da mocidade
por mais voltas que dêem
o vosso mal é...Saudade!

Isabel, obrigada pela frase tão elogiosa e, acima de tudo, obrigada por ter sido a única participante do 1º ENORME Passatempo #jetlag, caso contrário isto teria sido mesmo uma barraca maior que o Sushi Fest!

E por falar em Sushi Fest, aqui fica o magnífico prémio virtual ganho pela a nossa fantástica leitora Isabel Dias.


Ah poizé, bébés! Este magnífica cesta de verga a abarrotar de produtos nacionais de primeira categoria para a confecção de um "sushi à la portuguesa" vai direitinho para as mãos da Isabel Dias, basta seleccionar a foto e fazer o download da mesma. Não demora 2 segundos! 
Agora é que o prémio vos pôs a pensar "Xinapá, ganda prémio! Mas porque é que eu não participei?!? Para a próxima não falho!" Pois, mas agora de nada vos vale chorar sob o leite derramado. Para além disso o próximo passatempo não será tão cedo...só se vocês pedirem muito. 
Bom, vão lá às vossas vidas!

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sapatos e cenas

Quando aqui cheguei, fez ontem 14 anos, vinha cheia de vontade de fazer coisas mas, ao mesmo tempo, amedrontada como o raio.
Isto de começar de novo num sítio diferente em que não se conhece ninguém é uma ganda gaita.
A meu favor tinha o facto de ser descarada e bem disposta. Gostei sempre de levar isto da vida com um sorriso e sem fazer dela um drama kafkiano.
A verdade é que dei por mim a viver numa cidade em que tudo é cosy. Tudo é pertinho. E tudo é cheio de ruas empedradas. O que se revelou ser o maior tormento da vida de qualquer mulher. Que queira disfarçar a sua largura compensando na altura. Ou que queira fazer um bocadinho mais de tóilete…
E foi assim que um dia dei por mim a ter que ir a uma reunião. E sem boleia para voltar para casa. Casa essa que eu ainda não sabia bem onde era. Todas as minhas boleias debandaram e disseram-me para apanhar um táxi.
Eu tentei. Mas ninguém teve o descorro de me avisar que isto não é Lisboa E que os táxis não andam por aí. Temos de ligar para a central e pedir um.
E eis que me vi, sozinha, sem saber como ir e para onde ir.
Meti pés ao caminho e aventurei-me. De sandálias de salto alto e fino. Em Julho. 50 graus. E fiquei com a sandália presa na primeira pedra. Mas, como sou forte como o raio, não me desmontei e segui. Confiante e de peito feito.
Encalhei a segunda vez e quase que perdi a pose. Mas respirei fundo e continuei. Obstinada. Tropecei a terceira vez e andei três metros antes de perceber que tinha deixado a sandália lá atrás.
Desisti. Tirei as sandálias, ajeitei-as na mão qual Chanel que causa fúrias e vómitos a toda a gente, e lá fui. Descalça e furiosa. Sem saber para onde.
Quando resolvi parar e perguntar a umas senhoras que estavam à porta onde era a minha casa, recebo como resposta: “A menina não é de cá, pois não? Vê-se logo pelos sapatos!”
Moral da história: que se lixem as pedras da calçada. Desde que haja alguém para me amparar, não há nada que me tire do salto!
Claro que para ter mais piada, o texto seguiria assim a partir do quinto parágrafo:
Sai do primeiro da andar naquela rua íngreme e à porta sentada numa cadeira de palha a Dona Mimi que fazia renda para fora deu me a indicação que faltava, não sabia o que era um táxi!. O senhor António seu falecido marido ex funcionário dos TLP nunca teve carro, apenas no momento de maior desafogo tiveram uma pileca mas que teve de vender quando se reformou. Sai para a rua principal e procurava esses veículos pretos e verdes com uma luzinha a piscar e nada.
Mas não era a mesma coisa. Mas podia ser em Évora.




sexta-feira, 3 de julho de 2015

1º ENORME Passatempo blog #jetlag


Há uns dias abrimos a página Facebook do Blog #jetlag. Aquilo foi toda uma animação na vida de meia dúzia de pessoas - não sabemos quem são, mas sois os maiores!
Nunca pensámos ultrapassar os 20 likes, portanto quando chegámos aos 361 likes, decidimos logo festejar. Com água mineral. Era o que havia. Só a Teresa, que é mulher de vinhos, é que abriu uma garrafinha mas como está em Macau não partilhou.

Seja como fôr, o momento foi assinalado com um post perfeitamente idiota, em que foi prometido que quando chegássemos ao 763º like lançaríamos um passatempo. Mas como o sucesso nos subiu à cabeça rapidamente, assim que chegámos ao 801º like fingimos que não era nada connosco e armadas em chicas-espertas ficámos bem caladinhas. Foi nesse preciso momento que um dos leitores mais atentos e mais sérios deste nosso blog, Artur Jorge Cabarrão nos deixou um comentário a recordar que estávamos a dever um passatempo à nossa estimada audiência. Obrigada, Artur, pela chamada de atenção.  Estávamos a ver se ninguém notava, mas tu foste um gajo porreiro. Muita porreiro. A sério. 

Depois de muitos contactos entre as jetlaggers e centenas de milhar de marcas de luxo internacionais (que se pelam pela nossa opinião) decidimos ignorar as tentativas de colaboração e decidimos nós mesmas reunir um dos melhores prémios que se pode dar aos melhores leitores do mundo que são vocês: um cabaz de verga intitulado KIT SUSHI TUGA VIRTUAL by #JETLAG.

Este prémio é uma clara alusão ao Festival de Sushi, esse grande evento nacional que deu barraca. A probabilidade do nosso cabaz dar barraca não só é elevada, como certinha, direitinha. 

Seja como fôr, apelamos à vossa participação: terão 24 HORAS apenas para descrever numa frase o blog #jetlag!

E agora as dicas:

Dica 1
Podem escrever a vossa frase aqui na caixa de comentários ou aqui na página facebook do blog.

Dica 2
Aceitamos e incentivamos elogios, asneiras, piadas fáceis, baboseiras, parvoíces, unicórnios com arco-íris e gatinhos fofinhos, mas iremos obviamente ignorar críticas construtivas, pois para destrutivas já bastamos nós.

Dica 3
Não se esqueçam que é só uma frase. Se fôr muito longa não coloquem pontos finais. Sejam ratos pá.

AVISO
O prémio é virtual. Não precisamos das moradas de ninguém. O vencedor do passatempo irá recolher o prémio aqui no blog. O lado positivo disto é que assim não vamos a vossa casa fazer-vos uma espera ;)


Gente complicada

Não consigo perceber porque é que nesta terra é tão complicado combinar qualquer coisa!?
Falo de coisas simples como "bora beber um copo!?"  Ou "bora beber um café!?" Ou se quiser ser muito arrojada, "bora jantar!?"

A sério, não há nada que se consiga combinar sem um mínimo de três semanas de avanço! Parece que é preciso pedir um requerimento a um Ministro. São precisos trezentos mails a ver quem está disponível, seguidos de mais 750 mails a discutir onde nos vamos encontrar, nos quais ninguém sugere nada, só criticam os locais sugeridos. Acabando por ser aqui a emigra, que não conhece assim tanta coisa, a sugerir um lugar.  Para depois chegarmos ao dia D e mais de metade se cortar porque afinal têm que ir dar banho ao cão. Haja paciência! 
É a famosa glorificação do "busy”. Mas quem é que no seu juízo perfeito gosta de ter o seu tempo sempre ocupado!?!?!

Sinto falta de espontaneidade. De saber que posso ir sozinha ao sítio do costume (não, não estou a falar do Pingo Doce) com a certeza que irei encontrar alguém que conheço. Sinto falta de um telefonema a perguntar "o que estás a fazer?" Ou "onde é que estás?" Ou de nem sequer ter nada planeado e de repente dar por mim rodeada de 10 amigos. Pff

Tudo isto faz com que a “Je”, já não viva sem uma agenda. Porque senão, como é óbvio, vou-me esquecer do brunch que acabei de combinar para o final do mês de Julho. Sei lá eu se daqui a um mês me vai apetecer um brunch com aquela pessoa? Eu queria o brunch era agora, ou vá este fim-de-semana. Daqui a um mês lá vou eu sentir-me obrigada a ir.   Mas porquê? PORQUÊ?!?

Olha, vou à bica e que se lixe!


quinta-feira, 2 de julho de 2015

Tenho fome desde Janeiro.

Adoro pessoas que gostam de comer. Não necessariamente de enfardar, mas de saborear até ao fundo da alma, até saciar o espírito. Gosto das pessoas que sabem descrever as texturas, os cheiros e os sabores, pintar as sensações que trazem água na boca.

Sou Alentejana, o que significa que venho de uma terra que ama comer - e comer bem. Os Alentejanos são mestres na arte de cozinhar. Somos quase cientistas do tempero - e com uns bocados de pão duro, uns ovos cozidos, água quente, azeite e um molho de poejos fazemos uma obra de arte. Ajuda que a nossa terra, o nosso sol e os nossos ares sejam alegadamente "os melhores do mundo". E são.

Vivo no Sul da China há uns anos. Embora também se coma bem cá, é inevitável comparar de alguma forma aquilo que vivo no dia-a-dia com o que sei desde sempre. Aqui as águas são quentes, tudo é importado e vive-se com medo da poluição. Muitos pratos são bastante condimentados, talvez para mascarar a falta de sabor - ou então junta-se o útil ao agradável.  Na minha terra, um peixe grelhado só precisa de sal. A carne desfaz-se na nossa boca. A fruta é uma festa para as pupilas gustativas. 

Quando era pequenina, tinha o ritual de comer uma laranja ao sol com a minha avó, sentadas num fardo de cortiça. Hoje se me concentrar um bocado ainda consigo sentir a combinação daqueles cheiros. 
Quando emigramos, levamos na bagagem estes pequenos prazeres presos na memória, mas só nos apercebemos que os trazíamos conosco quando já estamos a 12,000kms de distância e algumas gastrites pelo meio.

Estamos em plena época de férias de Verão em Portugal, o que significa um facebook feed repleto de sardinhadas, minis, caracóis e bifanas em esplanadas banhadas pelo Sol dourado, vinhos frescos à beira-mar e pés descalços na relva dos jardins. As gelatarias estão cheias no domingo à tarde e todos vestem peles bronzeadas. 

Entretanto eu, pálida, vou vendo isto tudo aqui à distância, enquanto crio listas mentais que são autênticas ementas do banquete que se dará quando lá chegar. 
Tenho fome, Portugal.