Aventuras e desventuras de moças em permanente movimento migratório.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Bolas de Berlim

Já sei, já sei! Eu sou a Jetlagger mais previsível porque sou aquela que fala das cenas que todos vocês conhecem… Sim, das que se passam cá na santa terrinha. Mas há coisas que nos fazem sentir uma extraterrestre na nossa própria casa. Experimentem, por exemplo, ir passear à Marina de Vilamoura uma destas noites de verão. E sentem-se numa esplanada, fingindo que são mirones. Ou voyeurs, termo que confere uma certa superioridade à coisa. E deliciem-se. Aposto que as alemãs de meias e sandálias da Bita Sobreiro se envergonhariam do seu extremo bom gosto. É vê-las passear com as fitas, que se punham nas portas dos quintais no interior do Alentejo, penduradas no corpo. Cheias de estilo nas suas micro saias que deixam perceber as cuecas das tias que deixaram à pressa no lar antes de saírem para as suas férias chiques na Quarteira, onde vão refastelar-se quinze dias num all included com direito a pulseira e encher o bandulho de seis em seis minutos. Fazendo equilibrismo nuns saltos de 13 cm que se prendem aos pés com fitas cheias de strass e de onde pendem umas fitinhas brilhantes. Para fazer “pandã” com as fitas do vestido. E de mão dada com uns seres amorosos, pequenos, com umas rosetas encarnadíssimas e o resto do corpo translúcido por usarem na praia uns fatos completos com chapéu de abas, não vá o sol beliscar-lhes a pele. Confesso que me atemoriza o que esses gaiatos possam pensar quando olham para os nossos filhos na praia: bronzeados até mais não, com os cabelos cheios de sal e a cara cheia de açúcar e creme das bolas de Berlim.
Mas há mais: há aquelas famílias todas, inteiras, grandes, cheias de gente. A mãe, o pai, a avó e o avô, as primas, os tios e os cunhados, cheios de baby-sitters das Honduras, roliças e de chanatas, sem perceberem boi do que aquelas senhoras gritam e blasfemam a toda a hora.
Eles são fabulosos: calções aos quadrados e às riscas, camisas abertas até ao meio do peito, rosetas a condizer com os filhos e as mulheres e umas chanatas roubadas à descarada à tal hondurenha. O que é legítimo: pagou, pode usar.
Este é um género. O de sábado passado. Para a semana há mais. Ou não. Pode ser que vá espreitar a marina de Albufeira. E aí a coisa pia mais fino. Ou não.

Sem comentários:

Enviar um comentário