Aventuras e desventuras de moças em permanente movimento migratório.

domingo, 3 de abril de 2016

Estou a sofrer

Na Sexta-feira que passou tive uns dos piores jantares da minha vida. Uma refeição em tudo semelhante ao culminar de um filme de horror – tipo a cena final do Carrie quando no cemitério as mãos saem da tumba para agarrar as pernas da rapariga que deixava flores. 
A pergunta é: e como é que eu cheguei a este climax!? 

Ora então passo a explicar tudinho-inho-inho: 
Era quinta-feira santa, já lá vai mais de uma semana, quando assim sem mais nem quando no meio do meu treino de atletismo digo en passant ao meu treinador: - Esta coisa da velocidade está-me a engrossar as pernas e a fazer-me mais pesada na balança. O Professor responde: - Não. És mesmo tu que andas a engordar desde o Natal. HÃ?!? É o quê?! Eu, o quê!? Importa-se de repetir, mas desta vez com mais jeitinho, se faz favor?!? Estás gorda!, repete o Professor. 
Imaginem uma pedra a cair no charco; e uma espécie de tsunami de emoções, todas elas em muito mau; e uma viagem eterna num buraco negro de uma galáxia distante; e um loop de 24 horas de um remix da música Work da Rihanna; e um walking closet com todas as peças de viscose da Berskha; e, finalmente, a concretização do fim do mundo do livro do Apocalipse. E agora somem tudo isto a um ataque de hiperventilação e TCHARAAAANNNNN – olhem só a Isabel a viver uma cena muuuuuito má! 

Prostrada na minha dor, a Páscoa foi passada a afogar as mágoas nos cinco ovos de chocolate Kinder gigantes que ofereceram à minha filha. Não me critiquem, por favor, eu estava a sofrer. Foi com muito esforço que lá me entreguei ao luto do corpo magro, elegante, esbelto, tonificado e claramente em forma que eu quase cheguei a ter (porque efectivamente ainda havia alguns progressos a fazer) e enfrentei a besta de frente, que é o como quem diz: fui à cozinha fazer uma limpeza à dispensa. As bolachas foram banidas, os chocolates executados e a pasta encarcerada entre os cereais integrais. Uma chacina, meus amigos, uma verdadeira chacina. 

A semana passou-se a litradas de água, sumos detox, sopas sem batata, vegetais grelhados, saladas promissoras e cenas vegetarianas sem interesse rigorosamente nenhum. A princípio o treino intensificou-se o dobro, no segundo dia já parecia ter-se intensificado o sêxtuplo e, ao final de 5 dias tendo em conta as dores na raíz do meu cabelo posso garantir-vos que o treino se intensificou cem vezes mais. Saberá Deus como eu sobrevivi mas nunca me esquecerei da cara do Professor a gozar o prato. Porque a vida, meus amigos, é assim mesmo: a felicidade de uns é a desgraça de outros... 
Pelo caminho, mais por necessidade que solidariedade, juntaram-se duas amigas, compinchas de sofrimento e de jeans tamanho XL da Zara. Porque isto das dietas é sempre mais fácil encarreirar na coisa quando convencemos alguém ao nosso lado que não só precisa de dieta, como precisa bem mais que nós. É uma cena altruísta mas em versão egoísta. 

Sendo os nossos respectivos homens amigos de longa data eis que na sexta-feira fomos as três informadas que, entre eles, tinham combinado ir jantar a um vilarejo de praia simpático nos arredores de Nápoles. Todo o pânico da humanidade em dia de juízo final abateu-se-nos de chapa, de frente, na fronha. TAU. JÁ FOSTE.

O restaurante escolhido faz um peixinho grelhado que é uma delícia, porque faz, mas também faz uns gnocchis à sorrentina e um esparguete com amêijoas de uma pessoa se atirar para o chão a chorar por mais. Já nem falando daqueles rolinhos fritos com algas marinhas salgadinhos para lá de q.b. e daquela montra de doces que parece o Harrod’s na semana do Natal. A nossa dor estilhaçava as entranhas de cada vez que eles comiam mais um pedaço de pão e o empurravam com um gole de cerveja fresquinha. Sacanas. 

O meu prato de peixe grelhado com salada verde estava muito bom, obrigada, mas eu deixei aquele restaurante de coração partido e com mais fome do que aquela com que entrei. Carreguei essa insatisfação até casa onde em desespero de causa mandei-me de cabeça não a uma, nem duas, mas três nozes. Ah! 
As nozes não me encheram o estômago, nem a alma, mas foram o grito do Ipiranga possível dadas as circunstâncias e o tamanho liliputiano dos meus calções de verão onde eu espero entrar nas próximas semanas...ou meses, vá. 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

As jetlaggers respondem

O que não faltam são dúvidas por esse mundo fora. As jetlaggers não têm resposta para tudo, mas damos recado de uns bons 99,9999% das respostas, o que faz de nós mulheres cultas, com experiência e sempre prontas a ajudar o próximo e o próximo e o próximo e por aí adiante.
Esta semana fomos abordadas por uma alminha que nos pediu a opinião sobre carreira profissional. Fica aqui a transcrição da conversa entre alminha em busca de ajuda, Teresa e Isabel.

Alminha em busca de ajuda: Vocês têm mais apreço por um Procurador do Ministério Público ou por um Juíz?

Teresa: Juíz. O martelinho faz toda a diferença. Pr’além de que a carreira se desdobra em talhante com o martelinho a dar nos bifes.

Isabel: Eu acho que as pessoas têm medo dos Procuradores do Ministério Público. O nome não ajuda muito. Talvez arredondando a coisa para “Procurador etc” funcionasse melhor.

Teresa: Um gajo que o que faz é procurar coisas parece ser uma canseira.

Isabel: Zato. É um bocado metediço o Procurador etc.

Teresa: É um metediço Vs metemiço. #sebemmeentendes

Isabel: #zato 

*interlúdio para risinho estupidamente irritante*

Isabel: Dá uma pausa brutal a pessoa chegar a uma vernissage e assim que entra, ouve alguém exclamar “Juíz/Juíza, mas que honra me dá a sua presença na vernissage!!”

Teresa: “Assente-se no sofa, por gentileza!”, “Afinfe-lhe um scone sodona juíza!”, “Abafe-o com um chá de tila!”

Isabel: Ao contrário de “Manel, Francisco apresento-vos o Procurador etc....trabalha em...no....na....procura cenas na Procuradoria etc” e a resposta das pessoas com ar de muito pouco surpreendidas “aaaah que bom...olhe eu tenho um sobrinho que está a estudar para ser Juíz!” e as pessoas exclamam “AAAAHHH! Juíz!? Mas isso é maravilhoso!!!” 
REPARASTE NA DIFERENÇA!?!
Tamos a ajudar?

Teresa: #euachoquesim

Isabel: A função do Procurador etc sofre do mesmo obscurantismo da função de Diácono. É uma #cenaestranha. Para além de que a função de Procurador etc ocupa bué espaço nos cartões de visita. E um cartão de visita maior que o tamanho standard é sempre motivo de escárnio e maldizer. #hatersgonnahate

Teresa: EXHIBIT A: 

Paris: Juíza. Kim: Procurador etc.

Isabel: Como vês estamos sempre à disposição com bons conselhos.

Teresa: #juntos. Tipo Benfas.

Alminha em busca de ajuda: E se eu gostar mais da figura de Procurador do Ministério Público que de Juíz?

Isabel: É raro, mas pode acontecer sim.

Teresa: Se gostas manda Procurador etc nisso! O Juíz é um gajo que tá refastelado no cadeirón enquanto os Procuradores etc procuram cenas e lhas trazem p’a ele ajuizar. Os Procuradores etc são mais sarados.
Agora o que é provável que aconteça é os teus pais não curtirem ter um filho Procurador etc, mas nessa altura diz-lhes que podias ter sido actor porno ou stripper. Vais ver que os teus pais vão logo achar que Procurador etc é bem melhor!

Isabel: zato

Teresa: E deixa c’agente arranja maneira de te ajudar a fazer a cena de ser Procurador etc parecer cool. Criamos todo um branding altamente em cima disso. Etc.

Isabel: Ya. Unicórnios e merdas. Um slogan em voz de fundo: “Você perdeu? Eu procuro. Etc!”, seguido de olhar fixo para a camera.

Teresa:  

ETC!

Alminha em busca de ajuda: Bom, seja como fôr vou ser Magistrada.

Isabel: NOW, THAT’S FREAKING COOL! Magistrado é DO CATANO! Essa cena é tipo free pass plus front row seat na NY Fashion Week. Fuck the vernissage!

Teresa: Yep. É uma cena marada.

Isabel: THE CROWD GOES FUCKING WILD!

Teresa:  Não. Marada, não. Magistrada. Uma cena MAgistRADA! #paupaupau

Isabel: O importante é respeitares a classe a que pertences.

Teresa: Rima com Prada. Magistrada.

Isabel: Não te queremos à chapada com a tua própria classe. Queremos que lutes pela classe. Coco Chanel dixit. Quer dizer, não dixit no termo concreto da coisa mas uma coisa do género de certeza absolutinha que a senhora deve ter dito.

Teresa: e rima com sarada.

Isabel: Se não respeitas os juízes DO NOT BECOME ONE! Classe acima de tudo.

Teresa: e dono da parada. Também rima com Magistrada.

Alminha em busca de ajuda: As pessoas acham que os Procuradores são aqueles que queriam ser juízes mas não conseguiram, não é?

Teresa: Não. As pessoas tem que ir ao dicionário ver o que é um Procurador.

Isabel: etc.

Alminha em busca de ajuda: Resumindo e Concluindo?

Teresa: Juíz é mais mainstream

Isabel: Zato. Ser juíz é Zara. Procurador etc é mais Dries Van Noten.

Teresa:  Ya. Ser Procurador etc é o Cuyana dos Magistrados. #fewerbetterthings

Isabel: Os Procuradores etc não vão à televisão. Mas conhecem sempre os dark spots da cidade e os podres de toda a gente. #toocoolforschool

Teresa: Isto é assim: um Juíz é a H&M desta vida. Mas aqui o objectivo é brilhar pela diferenciação e ser logo uma Uterque à partida. Façomentender?

Isabel:  Zato. Juiz. Fuck the etc.

Teresa: Judges gonna judge you’re gonna rule! Ponto final. All up on that bitch.

Alminha a precisar de ajuda: Obrigada!

Teresa: Aposto que ajudámos imenso

Isabel: #denada


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

FYI

Há tantas coisas que eu vos poderia contar sobre a Austrália. Tanta gente curiosa por saber mais. Perguntam-me como funcionam os vistos, se há ou não trabalho, como são as praias, os preços das coisas, como são os “gatos” e as “gatas” também, como é o surf que por sua vez está intimamente ligado aos gatos e às gatas etc, etc, etc.
Mas há uma coisa que nunca alguém sonhou perguntar e aposto, mas é que aposto mesmo que nunca ninguém vos informou....tchan, tchan, tchan, tchan....A Austrália tem as moscas mais IN-SU-POR-TÁ-VEIS do Mundo! JURO!!!!!
Não se consegue aguentar mesmo. São aos milhares e colam-se a nós e não desgrudam. Ainda por cima elas têm especial atracção pelos nossos olhos ou boca, como se não fosse suficientemente nojento pousarem no nosso braço! Já me aconteceu estar numa praia e ter de me vir embora porque não parava de enxotar moscas, nem por um segundo e até dentro de água. Ir dar uma caminhada e voltar com pelo menos 10 moscas nojentas coladas nas costas. Tentar almoçar numa esplanada e desistir a meio, por já ter moscas a chapinhar na molhanga. Pior, no outro dia acho que, e digo acho porque ainda não fui corajosa o suficiente para assumir esta realidade, engoli uma. Sim leram bem, comi uma mosca involuntariamente! CANOJO, até me dá vontade de vomitar cada vez que me lembro.
Não admira que volta e meia dês de caras com malta, obviamente adaptados ao ambiente local, com uns chapéus muita foleiros com rolhas penduradas ou com rede (eu gosto mais da versão das rolhas). Eles é que a sabem toda, aquela porra afasta pelo menos meio milhão de moscas!!! É só ires a um parque ou a um festival de Verão que vais ver logo montes de gente assim, e não é porque são parolos é porque são espertos! Garanto que percebes a necessidade de usar tais chapéus em menos de 1 minuto! Eu por enquanto, como sou tótó improviso com écharpes, chapéus e óculos de sol e acho qe tenho estilo, mas continuam a chatear-me.
Tenho de ver se vou aos chineses e compro uma raquete, igual às que havia em Timor, e ando por aí às raquetadas a defender-me do ataque destas maganas. Ora bolas, porque é que não pensei nisto antes, tinha vindo tão a propósito para o Australian Open!  

(Pronto não precisam de me cair em cima por estar a sugerir que vou matar uma mosquinha linda e fofinha, estou só a brincar, ok?)

Bom é só mesmo para que saibam, já que esta o lonely planet não vos conta. Quem é amiga, quem é?


PS – Nenhum animal foi maltratado durante a publicação deste texto

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Resoluções. Aah!

Primeira Segunda-feira de Janeiro. Prontos, agora sim é a sério! 
Já saquei da agenda nova que para vossa informação tem o Darth Vader na capa - VAI BUSCAR!! - e já ando de caneta em riste a escrever as minhas resoluções para 2016. Confesso que sempre achei esta coisa de escrever as resoluções um bocado parvo, mas desta vez é diferente. Quer dizer continuo a achar parvo escrever as resoluções para o novo ano, mas a minha agenda nova é a P*** da loucura e eu estava a salivar para escrever nela, portanto os fins justificam os meios. 
Bom, aqui fica a transcrição da minha lista de resoluções para o caso de não terem mais nada para fazer ou ler.  

Resoluções para 20156 

Dezembro acabou e acaba também a alarvice diária. Já chega de andar para aqui a arredondar as arestas. Esta coisa de comer por desporto, acaba hoje para grande tristeza minha.

Escrever mais disparates aqui neste blog. Sabe muito bem ouvir coisas como “parto-me a rir quando leio os vossos textos” ou “é bom LER um blogue como o vosso”, mas sabe ainda melhor mandar bitatites só porque sim.

Ir à Austrália. A Vera merece uma visita lá ao fim do mundo e eu não a quero desapontar. Vou tentar levar as restantes jetlaggers nesta viagem para aquilo virar um fartote, uma debochada daquelas à antiga. Agora, basicamente, é só trabalhar com’ó caraças! 

Ver o episódio VII da Guerra das Estrelas umas vinte vezes. Mínimo. 

Correr os 400 metros num 1 min e 01 segundos porque eu sou uma GANDA menina (com muito orgulho) e não sei se consigo baixar a marca de 1 minuto. Anda pr’aí tudo a correr maratonas como se não houvesse amanhã, pois bem, eu vou com tudo aos 400 e os 800 m. Antevejo desde já momentos de humilhação profunda nas competições de Verão, mas pelo menos a minha filha vai gritar por mim nas bancadas...E isso é buédaaaa fixe! 

Resolver radicalmente a minha tendência para gripes e alergias mudando-me para um país tropical. Eh pá, não vejo outra solução. 

Fazer como a Pépa e ter como objectivo comprar uma “mala Chanel”. Facto é que havendo pilim para a mala Chanel é porque há para tudo o resto que é necessário e acessório. Comprar uma mala Chanel significa ter dinheiro para a pagar, o que por sua vez quer dizer que se está a ganhar bem. Ora isto numa visão macroeconómica significa que a Economia Italiana está de boa saúde e que por sua vez a Economia Europeia saíu do buraco por arrasto das boas novas económicas Mundiais. Ou seja, eu querer uma mala da Chanel é basicamente como a Miss Mundo querer a paz no mundo: ficamos todos a ganhar com esta merda! 

Gastar o meu tempo toooooodinho-inho-inho-inho-inhooooo com a família e os amigos, sem qualquer tipo de reservas nem pudores. O resto que saaa…lixe ;) 

Assim de repente para 2016 é isto. Agora tenho de ir escrever a lista da merceeria na agenda nova com o Darth Vader na capa. TAU. Mordam-se!
Beijinhos, abracinhos e bom ano, de mim para tim!