Aventuras e desventuras de moças em permanente movimento migratório.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Chegou Dezembro

Prontos. Ainda ontem estávamos em Agosto de papo para o ar a apanhar um escaldão e agora eis que já é Dezembro. E nós vamos ter de falar sobre isto, dê lá por onde der, porque é Natal e em Dezembro é apenas do Natal que se fala.
Que o Natal se desvirtuou, passando de uma celebração religiosa a um período de ferocidade consumista, já todos sabemos. Se, porventura, embarcamos no teatro, isso já é um problema pessoal e instransmíssivel. Eu fiz a minha escolha. Nos dias que correm o meu Natal resume-se muito simplesmente a uma coisa e uma coisa apenas: comer! Tudo o resto são "fait divers".
Comecemos então pel'Àrvore de Natal, esse símbolo incontornável do espírito natalício. Só de pensar que tenho de fazer a Àrvore de Natal stressam-me os caracóis do cabelo. Fico doente das ideias só de me ver no meio daquela confusão de bolas, estrelinhas, fitinhas e merdinhas que à força terão de se unir com um senso criativo para o qual eu já não tenho a mínima das inspirações desde 1997. 
Por falar em decorações, falemos das luzinhas que todos os anos compro nos chineses, porque habitualmente (e vai-se lá saber porquê) se fundem, mesmo quando devidamente acondicionadas e fechadas durante 11 meses numa caixa na arrecadação. Vai-se lá perceber.
Ainda na minha curta e hedionda lista de cenas a fazer em Dezembro lugar de destaque para os presentes de Natal. É sem qualquer pudor que afirmo e sublinho mesmo antes de afirmar: ODEIO ESSA MERDA DOS PRESENTES DE NATAL! Puxar pela cabeça sobre o que oferecer a fulano e a sicrano enquanto se tenta sobreviver numa tempestade de gente nas ruas ou (pior) nos centros comerciais enquanto a Mariah Carey guincha o "All I want for X'mas is YOOOOOUUUUYYYYOOOOUUUUUUYYYYOOOOUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU" nos alto-falantes é uma tarefa hercúlea. A coisa até podia amenizar quando fosse hora de abrir os presentes que recebo, mas convenhamos, a minha existência continuaria a ser estupenda mesmo sem aquele par de chinelos em tecido polar, ou sem aquele gel de banho com pedaços de azeitonas dos himalaias ou até sem aquela toalha de mãos com o pai natal bordado. É pena, mas dou sempre por mim a pensar no desperdício de papel de embrulho. 
"Ah e tal, mas agora és mãe e com as crianças o natal é bem melhor" dizem-me. Pois tábem, abelha!
Não me lixem. Eu dispensava toda esta palhaçada, reduzia o Natal à mesa do dia 25 e a todas as várias mesas que lhe antecedem, porque em Dezembro o que interessa mesmo é estar sentado à mesa a comer e a beber com os amigos e com a família. 
Quando se é emigrante o cenário "mesa de Natal" assume nova e maior importância porque é habitualmente sinónimo de regresso a casa ou de ficar em casa longe da nossa "casa" ou até um "porra, que são tantas as saudades de casa". Em casa ou longe dela, sejam emigrantes ou não, desejo do fundo do coração que se empanturrem não apenas na quadra natalícia, mas em todo o mês de Dezembro. Desejo-vos mesas a abarrotar de azevias, fatias douradas e bolo-rei, bacalhau com todos ou só com natas e 31 perús recheados, um por cada noite de Dezembro. Pois se é para ser um período consumista, então que se consuma à grande toda e cada garrafinha de vinho até à última gota!

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