Aventuras e desventuras de moças em permanente movimento migratório.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ana, Évora

“A fofoca consiste no ato de fazer afirmações não baseadas em fatos concretos, especulando em relação à vida alheia” (via wikipédia)
Esta coisa de ter filhos e dos nossos filhos terem férias quando nós não temos é levada da breca. Incomoda-me, chateia-me, aborrece-me de morte saltar da cama e deixar lá os meus filhos, quentinhos, enrolados nos lençóis a dormir até ao meio dia enquanto eu tenho de ir, pesarosamente, trabalhar.
Não devia ser permitido. Aos pais devia ser imposto que acompanhassem as crianças nestes seus momentos de interrupção lectiva.
Temo que os meus filhos fiquem com recalques emocionais graves e me crucifiquem, daqui a uns anos, dizendo que todos os seus males e euros gastos em psicólogos e psiquiatras se devam ao facto de não ter estado presente em todos os seus períodos de férias.
E vão ter razão.
Que raio de mãe sou eu que não fica em casa para lhes fazer o pequeno-almoço e para os levar ao parque logo de manhã? Que não fica em casa para ir andar de bicicleta com eles mesmo que seja a coisa que mais detesto fazer?
Sinto-me uma bandida. E a culpa é desta sociedade horrorosa que nos obriga a afastar-nos dos nossos mais que tudo em troca de euros no final do mês.
Assim sendo, sou da opinião que devíamos movimentar-nos e preparar uma Petição Pública que obrigasse as mães a ter períodos de férias exatamente iguais aos dos seus filhos.
Só assim poderíamos acompanhar as nossas crianças nas idas à praia e zelar pela sua segurança. Ou à piscina. Ou na ida ao jardim para comer um gelado. Ou ao final da tarde para beber uma imperial e comer caracóis. Não bebem imperial? Não bebem eles mas bebem os pais que bem merecem que isto de tratar dos filhos não é tarefa fácil.
Mas não! Aqui estou eu, na labuta, enquanto os meus filhos estão sem mim, tristes, pesarosos, a ver desenhos animados, com uma taça de estrelitas no colo, sem se lembrarem sequer que eu existo.
Não acho justo. Não quero que seja justo. Preciso de três meses de férias a contar de hoje, fazendo favor.
Achavam que ia escrever sobre a maledicência que impera nesta cidade? Ainda não é hoje. Mas lá chegarei. E nesse dia… Ai ninaaaaaa!



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