Aventuras e desventuras de moças em permanente movimento migratório.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Cenas sem interesse

Isto não está nada fácil. Nas últimas duas semanas devo ter escrito seguramente uma dezena de textos para o blogue, mas que por razões minhas acabaram não sendo publicados. Hoje, a Bita perguntava-me se eu já tinha escrito algum texto. Eu disse que sim. Mas também lhe disse que só tinha escrito merda. O que não é necessariamente verdade. Eram apenas queixumes. Depois pensei que essa tinha sido a minha visão das últimas semanas, que não sendo negativas, tinham sido maçudas, chatinhas.

Um dos textos era sobre os sinais de clara velhice que se me abateram que nem camiões TIR, em formato alergias. Eu não sei o que fazer à minha vida com isto. Sinto-me em osmose com os lenços de papel. E não bastando os àcaros a lixar-me a vida eis que é todo um mundo anti-estamínico, anti-alergénico e estirilizado a rebentar-me na cara com as sacanas das etiquetas dos preços sempre acima dos dois dígitos. A Pdi não falha.

Depois escrevi um texto sobre a maneira como as pessoas perdem trabalhos e empregos nesta terra. Assisti em menos de uma semana a dois casos de patrões sem escrúpulos que durante anos dão provas da sua cretinice e que decidem num momento de diarreia mental arrebatar a coisa com um despedimento ao género "eh pá, não venhas amanhã, que já não tens trabalho". Em poucos segundos a vida de quem é despedido, sem justo contrato quanto mais justa causa, fica suspensa. A filha da putice é coisa para me fazer sacar o dicionário minhoto do bolso e abrir na página "asneirada cabeluda".

Estava a campanha eleitoral a dar as últimas quando depois de ler no facebook um comentário ao género "quem não votar merece que lhe nasça uma árvore no cu" comecei a escrever um texto sobre a abstenção. Infelizmente, a grande maioria dos emigrantes que não votam é porque não lhes é facilitado o processo. Para vos dar um exemplo, desde que eu cheguei a Nápoles que o Consulado está encerrado. Se tenho de tratar de alguma coisa, ou simplesmente pedir uma informação mais burocrática tenho de ir a Roma - com data e hora marcada. Raras são as vezes em que a marcação me dá jeito, até porque de cada vez que vou a Roma são 200km. Ora acredito que muitos emigrantes desesperem para resolver "burocracias" em embaixadas a centenas e centenas de quilómetros, porque os serviços consulares simplesmente não existem ou pior porque foram encerrados nos últimos anos, coisa que não bate certo, sendo que os emigrantes são cada vez mais. O deputado do PAN seguramente batia palminhas de felicidade, mas antes que os cus dos emigrantes se tornem vasos de pinheiros bravos, favor deixar claro se querem que os emigrantes também votem.

Eu disse-vos que eram textos sem interesse rigorosamente nenhum.

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