Aventuras e desventuras de moças em permanente movimento migratório.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Pois é...

...a gaita é que sou a única que migrou. E isso torna a tarefa de escrever sobre este processo de deslocalização bem mais complicada. Não há grandes choques culturais a apontar. Ou melhor, há. Mas corria grande risco de ver a minha cabeça pendurada num pau de uma bandeira do município espetado em plena praça do Geraldo.
Assim, venho-vos falar da chuva e da gaita do tempo. Tipo aquelas conversas que temos com pessoas que mal conhecemos e que não nos interessa conhecer melhor.
Está de chuva, porra. O que é bom por aqui. Porque faz bem aos campos. E às colheitas. E à agricultura em geral.
Mas não me faz bem nenhum. Confesso que adoro a chuva. Principalmente a de Setembro que se faz sempre acompanhar de belas trovoadas. Esta chuva cheira a torradas feitas pela minha titi mesmo no final das férias. No tempo em que as aulas começavam sempre depois do 5 de Outubro, quando ainda era feriado. Nessa altura, comia torradas na cozinha, vendo os relâmpagos e contando os segundos para que a luz fosse abaixo. Ou para que a chuva parasse e eu pudesse ir brincar para a rua com as minhas amigas.
Hoje já não vou brincar para a rua mas tenho de andar na rua. A tentar não ficar toda cagada dos salpicos da lama. Desesperada para não vazar nenhum olho a um qualquer transeunte descuidado que encalhe no meu macro chapéu de chuva.
A chatice é que eu acho que não dei uso suficiente às sandálias. E, se bem virmos, nem aos fatos de banho. Nem à perda de peso que tanto me custou para a conseguir desfilar na praia (se bem que a arruinei na primeira semana e que bem podia andar enrolada num toldo da praia o resto das férias).
Este tempo de caca, em que não faz frio nem calor, em que não chove a sério nem deixa de chover deixa-me deprimida. Ainda não me dá vontade de comprar roupa quente mas faz-me vomitar em cima dos shorts descarados que tão bem iam com as pernas bronzeadas.
É um raio de um tempo que nem convida à imperial ao fim do dia. Mas que também ainda não apela ao chocolate quente com tostas mistas no centro da cidade.
Faz-se o que, então?
Entra-se numa espécie de depressão latente que nos infecta de uma fúria que nos põe a acabar tarefas inacabadas, a fechar projectos, a arrumar assuntos. E eu não gosto disto. Daqui a nada é Natal.
E eu ainda estou mentalmente de havaiana no pé, na minha cabeça.
Esta merda de tempo deixa-me mole.

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