Aventuras e desventuras de moças em permanente movimento migratório.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Chegou, bolas!

Até que enfim que chegou o Inverno. Sim, eu sei. Só depois do equinócio mas importam-se que eu me sinta já no Inverno? Agradecida.
Toda eu sou do sol e do calor. Da praia e das esplanadas mas... o frio e o ar cinzento dos dias faz-me sentir em casa. Conforto. É isso: sinto conforto no frio da rua que antecipa o quente da minha casa. E nos dias curtos que me cheiram sempre a Natal. No fundo, vivo o espírito natalício todo o tempo que dura o tempo dos dias frios.
E viver o Inverno em Évora é cá mais bom... É verdadeiramente diferente de o viver em Lisboa.
Só para quando cá vim viver é que comprei o primeiro casaco de abafo.
Estou sem inspiração nenhuma. A verdade é essa. Não por falta de tema. Até tenho de sobra. Coloca-se-me é sempre o dilema de o passar ao papel e depois ser cruxificada em praça pública. Hoje até me apetecia mesmo falar sobre uma cena que me aconteceu há uns dias. Ou horas. Que tem a ver com a falta de dignidade e integridade do ser humano.
As pessoas lidam mal coma rejeição. Com o desapego dos outros. Não estou a falar de perda da morte. Da perda no jogo das relações humanas.
Não é fácil assumir a derrota. Porque, no fundo, acabamos por encarar os finais infelizes como derrotas. Seja porque se perdeu o emprego, se chumbou no exame, se perdeu a carteira, se o projecto não foi aprovado, se o crédito foi rejeitado ou se o gajo nos deu a tampa.
A grande diferença entre as pessoas vê-se na maneira de lidar com isso. Independentemente da causa. Não interessa se o projecto foi chumbado por ser uma merda ou se foi pelo facto do gajo da outra empresa concorrente andar a papar a tipa que faz a selecção. A maneira como encaramos isso é que faz de nós pessoas diferentes.
Tenho um amigo que me disse um dia que se a mulher dele o deixasse que se enfiava em casa uma semana, curtia a ressaca e depois levantava a vida em braços e ia à luta.
Conheço outro que, caso seja despedido, parte os dentes todos do patrão durante duas décadas.
Gosto de ambas as abordagens. São frontais (se acharmos que o tipo vai partir os dentes da frente do patrão) e são pessoais. São de autor. E são feitas às claras. E eu gosto de pessoas às claras. Sabemos o que dali se espera.
Mil vezes estas àquelas que se escondem e dissimulam e andam, por vezes anos, a acalentar e a mimar uma vingança doente e retardada.
Pensar nisto leva-me a pensar na quantidade de gente que está presa a coisas, sítios e pessoas com medo das consequências. Não da vida. Mas de ser vítima da maldade dos outros.
Mesquinhez. Detesto gente mesquinha.
Bem, não era isto assim tão soft que me apetecia dizer mas é o que pode ser.
Resumo da coisa: vou vestir o abafo e comprar castanhas. Fui.

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